Atualmente, quase a totalidade dos alimentos consumidos no mundo é proveniente da agricultura (incluindo-se a pecuária, a pesca e o extrativismo). Grande parte desse alimento é obtida pelo agronegócio, que é a produção de alimentos levando em consideração apenas as relações comerciais e industriais que envolvem a cadeia produtiva.
É a agricultura capitalista, em que a comida deixa de ser um direito universal e passa a ser tratada apenas como mais uma mercadoria.
Este modelo de produção agrícola cartesiano, simplista e reducionista firmou-se em diversos países pobres por volta dos anos 70 numa estratégia mundial conhecida como “Revolução Verde”, que consistiu na introdução da lógica da produção capitalista na agricultura dos países “subdesenvolvidos” da época (entre eles o Brasil).
Através da implantação de órgãos governamentais de pesquisa agropecuária e de extensão rural nesses países e visando o desenvolvimento da economia, a agricultura de mercado era disseminada, em detrimento da agricultura familiar “atrasada”.
Viu-se então, ao longo de quatro décadas, a transformação da realidade do campo, de uma agricultura de base familiar e sustentável, para uma agricultura intensiva baseada no mercado globalizado, extremamente dependente de recursos e tecnologias externas, de altíssimo custo e controlada pelas multinacionais.
Uma das principais justificativas para a implantação desse modelo foi a erradicação da fome. Na época, existiam 80 milhões de famintos no mundo, e a população continuava a crescer.
Para alimentar essa massa crescente era preciso aumentar a produtividade, o que somente seria possível, segundo os partidários do capital, pela modernização e industrialização da agricultura.
Dessa forma, o pacote tecnológico contendo maquinário agrícola, fertilizantes químicos, agrotóxicos, sementes industriais e engenharia genética foi amplamente difundido para garantir as insustentáveis produções, possíveis através dos latifúndios, da monocultura e da exploração indiscriminatória do trabalho e dos recursos naturais.
A partir do estabelecimento deste cenário, facilitado pelo Estado, burguesia e Universidades, a permanência dos trabalhadores rurais no campo foi se tornando cada dia mais insustentável.
O mercado privilegiava somente os grandes produtores, a terra foi sendo tomada para expandir as monoculturas e, como se não bastasse, os órgãos governamentais de apoio aos pequenos agricultores agora exigiam o uso de insumos industriais, que além de serem caros, traziam doenças ao homem e à natureza.
Data desta época o inchaço das favelas e periferias das grandes cidades e até hoje o cenário permanece, trazendo aos explorados a morte ou por bala ou por veneno.
Inúmeros foram os resultados da Revolução Verde:
perda de área agricultável por erosão ou salinização, degradação e compactação dos solos, diminuição da biodiversidade, contaminação das águas superficiais e subterrâneas, desmatamento e queimadas para abertura de novas fronteiras agrícolas, aumento do aquecimento global, expulsão dos trabalhadores do campo, dependência tecnológica, aumento dos preços dos alimentos, envenenamento do ambiente e dos seres humanos, aumento do número de suicídios no campo, aumento da violência, etc.
Porém, o principal resultado da Revolução Verde foi, ao contrário do que era alardeado pelos seus entusiastas, o aumento significativo da fome mundial. 2009 será o ano em que o número de famintos no mundo ultrapassará 1 bilhão de pessoas.
Essa insegurança alimentar é fruto da especulação e da ganância do capitalismo.
Atualmente, existe suficiente terra, água e energia para bem alimentar mais do que o dobro da população humana. Nunca se produziu tanto alimento como nos séculos XX e XXI.
A população pobre não consegue ter acesso a esses alimentos por falta de terra para produzi-los ou por falta de recursos financeiros para comprá-los.
Quando a cidade ao campo se unir, a burguesia não vai resistir!!!
fonte:
libera 142, informativo da Federação Anarquista do Rio de Janeiro.
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